Houve também um aumento das mulheres em outras ocupações na área. A função de User Experience Designer, por exemplo, viu uma alta de 67% do sexo feminino, enquanto Web Developer cresceu 43%. Já Frontend Developer teve uma alta de 19% na taxa de mulheres empregadas.
Ainda assim, o setor ainda está desigual. Dados da ONU Mulheres Brasil, revelam que as mulheres estão fora dos principais postos de trabalho gerados pela revolução digital, sendo que somente 18% delas têm graduação em Ciências da Computação e são, atualmente, apenas 25% da força de trabalho da indústria digital.
A resposta contra isso veio das próprias mulheres, que criaram programas para incentivar as meninas e mulheres no mundo da tecnologia. Conheça oito destas iniciativas:
A empresa presta serviços tecnológicos como manutenção de computadores, suporte técnico, backup e formatação, higienização, desenvolvimento de sites e aplicativos, consultoria sobre tecnologia e inovação, entre outras atividades. A diferença é que todo o trabalho é feito por mulheres, principalmente negras, e participantes de minorias.
Em 2015, ela começou a consertar laptops e fazer a manutenção de hardware e software, sendo que o anúncio do serviço era feito via redes sociais. Como o serviço começou a aumentar, ela se juntou com a Fernanda Monteiro, que possui mais de 20 anos de experiência no mercado tecnológico, mas sofreu preconceito após sua transição de gênero. Desde então, a empresa já apresentou projetos para Microsoft Brasil, Campus Party e recentemente foi classificada para representar o Brasil no G20 em Berlim.
Women Up Games
A pesquisa Game Brasil 2017, realizada todos os anos pela agência de tecnologia interativa Sioux, revelou que as mulheres são maioria quando se trata de videogame, sendo que 56,6% dos jogadores no país são do público feminino. Apesar disso, as mulheres ainda sofrem preconceito no setor.
Pensando nisso, a Ariane Parra criou o Women Up Games, uma organização que promove a inclusão de mulheres no mundo dos games através de palestras, eventos corporativos, campeonatos femininos e eventos de desenvolvimento de games.
O grupo é internacional e tem o objetivo de atrair mulheres para a área de TI através da linguagem de programação Python. A organização conta com 23 representantes em diversas cidades brasileiras que ministram cursos gratuitos de Python desde o básico até conteúdo mais avançado.
Segundo o equipe do PyLadies São Paulo, todas as mulheres que participam dos cursos são chamadas para serem monitoras, mesmo que ainda não sejam especialistas. “Elas já conhecem o conteúdo e podem sanar dúvidas mais básicas, além de terem a oportunidade de assistir a aula novamente. Em um próximo curso, aquelas que já foram monitoras são convidadas a ministrar a aula”.
Minas Programam
Apesar das mulheres estarem cada vez mais presentes nas áreas de tecnologia, ciências, matemática e engenharia, esses ambientes ainda são muito masculinos. Em 2015, por exemplo, dos 330 ingressantes dos cursos de Computação da USP, apenas 38 eram mulheres.
Para mudar esse perfil do mercado de trabalho, Ariane Cor, Bárbara Paes e Fernanda Balbino se uniram para criar o Minas Programam. Um projeto que oferece cursos de programação para mulheres e que são ministrados para mulheres.
O grupo defende a tecnologia é usado em todos os setores da vida e que, por isso, esse deve ser um ambiente plural para garantir soluções democráticas. “Se as mulheres tivessem participado da criação das redes sociais, ferramentas de combate ao assédio sexual virtual já teriam sido criadas”, exemplifica Bárbara.
PrograMaria
Muitas das iniciativas de programação para mulheres surgiram porque as próprias mulheres sentiam dificuldades de ingressar na área. Foi assim que surgiu o PrograMaria, que realiza oficinas, eventos e cursos de formação técnica para mulheres que desejam iniciar no mundo da programação.
Desde sua criação, o projeto já realizou mais de dez oficinas e três edições do Curso Eu Programo, que formou 90 mulheres, e um Summit, que reuniu mais de 130 mulheres para debater o lugar das mulheres na tecnologia.
“As alunas, depois que passam pelo curso, elas não só se sentem motivadas a entrar na área, como elas percebem todo o potencial que elas têm como mulher e profissional”, afirma Iana Chan, fundadora do programa. “O maior impacto que um curso como nosso traz para para mulheres é o fato de elas verem na pele a máxima de que lugar de mulher é onde ela quiser”.
O projeto foi criado no interior do Rio Grande do Sul, com o objetivo de incentivar as mulheres que querem seguir carreiras na área de tecnologia através de eventos, oficinas, debates e cursos de programação ministrados por voluntárias que atuam na área de TI. Hoje, o projeto conta com grupos em São Paulo, Americana, Rio de Janeiro e Aracaju, além de já ter capacitado mais de 3 mil mulheres.
“Eu sempre participei de comunidades de tecnologia e sentia muita falta de ver e ter outras mulheres para conversar em eventos, cursos e grupos, até que me deparei com uma situação de machismo no trabalho e me vi sozinha. Neste momento, fui em busca de grupos que fossem direcionados para apoiar mulheres, não só tecnicamente, mas também construir um bom networking e então decidi criar o WoMakersCode”, afirma a fundadora Cynthia Zanoni.
Reprograma
O projeto oferece um curso intensivo e gratuito, estilo bootcamp com duração de 18 semanas em período integral, para ensinar programação front-end, incluindo linguagem HTML, CCS e Javascript, além de bibliotecas e pré-processadores como JQuery, Bootstrap e React, a mulheres que não estejam empregadas. As alunas também têm aula de UX Design e de Business Model Canvas.
“Além do ensino de programação, nosso objetivo durante o programa é mudar o mindset das alunas”, explica Mariel Reyes, CEO do projeto. “‘Reprogramar’ a forma com que elas se percebem como contribuidoras do espaço de TI”.