
Resumo
- O cineasta James Cameron critica o uso de atores gerados por IA, considerando-o “horripilante” e oposto ao seu trabalho com atores reais.
- Cameron não teme que a IA prejudique seu trabalho, mas critica a incapacidade da tecnologia de criar algo novo e traduzir experiências de vida únicas.
- Cameron alerta sobre o uso da IA como arma, considerando-o o maior perigo, e menciona a competição entre países para desenvolver tecnologias de combate.
O cineasta James Cameron considera “horripilante” o uso de atores gerados por inteligência artificial. Conhecido por seu trabalho em Avatar, Titanic e O Exterminador do Futuro, o diretor foi enfático sobre o assunto: “Não quero que um computador faça o que eu me orgulho de ser capaz de fazer com atores. Não quero substituir atores, eu amo trabalhar com eles”, afirmou categoricamente.
Cameron deu uma entrevista à rede de TV americana CBS. Na conversa, ele lembrou que, durante anos, muitos consideravam que seu trabalho com motion capture era uma forma de substituir atores. Ele discorda: “Na verdade, quando você vê o que estamos fazendo, é uma celebração do momento ator-diretor”, explica.
Para o cineasta, essa acusação se aplica, na verdade, aos atores gerados por IA. “Se você vai para o outro extremo do espectro, o que tem é a IA generativa. Com ela, eles podem construir um personagem, construir um ator, construir uma atuação do zero, só com um prompt de texto”, avalia. “Não, isso é horripilante… é exatamente o que não fazemos.”
Cameron também disse não temer que seu trabalho seja prejudicado pela tecnologia, já que ela não seria capaz de criar algo novo. “Você vê toda a arte e a experiência humana colocada em um liquidificador, e o que você obtém é uma média disso. Você não tem a experiência de vida de um roteirista, nem seus traços característicos. Você não tem as idiossincrasias de um ator em particular”, avalia.
Cameron tem medo do que a IA pode causar
O cineasta é membro do conselho de diretores da Stability AI, famosa pelo modelo de geração de imagens Stable Diffusion. Além disso, a Lightstorm Entertainment, a produtora por ele fundada, é parceira da Dell.
Cameron também já deu declarações mais positivas em relação à IA generativa. Em 2023, durante um evento da própria Dell, o diretor previu que a tecnologia poderia ajudar cineastas jovens, além de reduzir o tempo e o custo de produção.
Mesmo assim, ele também tem suas críticas — e são muitas. Ele já avisou que não quer usar um modelo de IA para fazer roteiros, porque considera que cada escritor tem uma “lente particular sobre o mundo, uma experiência de vida única, e é o que eles podem expressar”.
Mas a principal questão dele com a tecnologia vai além do cinema. Em entrevista à emissora canadense CTV News há dois anos, Cameron ponderou que a transformação da IA em arma é o maior perigo. Ele vislumbra até mesmo um cenário em que diversos países competiriam para criar as tecnologias mais potentes e rápidas para o combate, até a situação sair do controle.
“Eu avisei em 1984 e vocês não ouviram”, brinca o diretor e co-criador de O Exterminador do Futuro, filme em que um sistema de defesa com inteligência artificial se rebela contra a humanidade.
Com informações do Guardian
“Horripilante”: cineasta James Cameron critica IA generativa
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