Você já deve ter visto a imagem acima circulando pela internet. Trata-se da foto de um misterioso número de WhatsApp que viralizou nas redes sociais nos últimos dias. O perfil tem sido chamado de “Momo” e está envolvido em muito mistério e polêmica.
Pouca coisa se sabe sobre o tal perfil. No Twitter, há diversos relatos contraditórios. Há quem diga que o número envia imagens e vídeos perturbadores. Outras pessoas dizem que se trata de um chatbot, um robô virtual que emite respostas automáticas pré-programadas com base nas mensagens recebidas. Há também quem ficou sem resposta ao tentar um contato.
Tentamos entrar em contato com alguns dos números originais, de origem japonesa (código de área 81), sem sucesso. Não vamos compartilhar quais são estes telefones ligados ao personagem, naturalmente, para preservar a sua segurança. Mas tudo leva a crer que eles já foram desativados.
No YouTube, Facebook e no próprio WhatsApp começaram a pipocar correntes e histórias diferentes sobre a natureza e o objetivo do tal Momo. Há quem diga que o contato com o personagem resultou na instalação de um vírus no celular, outros dizem que houve pessoas sendo induzidas ao suicídio. Como é impossível rastrear a origem destes boatos, o ideal é tratar tudo como “fake news”.
O que se sabe com certeza é que a imagem que ilustra o tal perfil não é de um filme, de um demônio ou de uma pessoa deformada, como disseram alguns. E também não se trata de uma foto comum adulterada no Photoshop, como talvez possa parecer.
A foto mostra, na verdade, apenas uma parte de uma escultura japonesa. O autor da obra é Keisuke Aisawa e ela foi exibida pela primeira vez no museu Vanilla Gallery, em Tóquio, sob o nome de “Guai Bird”, inspirada numa lenda urbana japonesa.
De onde veio o nome “Momo”, ninguém sabe ao certo. Alguém achou uma boa ideia pegar uma foto de parte da escultura e espalhar mensagens assustadoras para mexer com a cabeça de jovens e viralizar com facilidade na internet. E, aparentemente, conseguiu.
Perigo real
Mas por trás do que parece ser uma simples brincadeira de mau gosto, pode haver um sério risco para a sua segurança online. Pessoas mal intencionadas estão usando a foto da escultura e o mistério em torno do personagem “Momo” para criar novos perfis. E estes, sim, podem enganar vítimas e roubar dados pessoais.
Emilio Simoni, diretor do Dfndr Lab, da empresa de segurança PSafe, diz que “muitas pessoas estão criando números novos com a foto do personagem e publicando. Não sabemos qual a intenção destes números novos, pode ser fraude ou estelionato.”
Já segundo Camillo Di Jorge, country manager da ESET e especialista em segurança da informação, o fato de o tal “Momo” ter sumido após um pico de popularidade e de ter sido descoberto pela imprensa é um sintoma típico de golpe como os que circulam frequentemente no WhatsApp.
O principal risco é de se tratar de um golpe de engenharia social (também conhecido como “phishing”). “Se isso for mesmo um grande chatbot, imagine uma máquina fazendo perguntas e coletando dados de contatos. É perigoso a partir do momento em que a gente não sabe aonde vão parar essas informações”, diz Camillo.
Num primeiro momento, o simples contato entre uma pessoa e o “Momo” não apresenta um risco imediato de contaminação por vírus, outra preocupação de muitas pessoas. Mas se você falar com o perfil e receber um link, é melhor não abrir. Este link, sim, pode induzir o usuário à instalação de um malware no smartphone ou PC, ou ainda coletar mais dados sigilosos.
De acordo com Emílio, a principal recomendação é: “não procurem adicionar o número e falar com este perfil”. “Na dúvida, se você já entrou em contato e a pessoa do outro lado te mandar instalar um aplicativo ou clicar no link, não faça isso”, completa. E, como sempre, é importante tomar cuidado ao repassar informações delicadas pela internet.
Via olhar digital