Com maior expectativa de vida e vivendo uma realidade de hospitais sucateados, alto nível de desemprego e mudanças das leis trabalhista e previdenciária— que exigem mais tempo na atividade e mais qualificação — os jovens de hoje não terão instrumentos para enfrentar os futuros desafios. “Vai ser um caos. Se nada for feito para preparar os idosos do futuro, o crescimento do país ficará ainda mais comprometido”, destaca Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva. Atualmente, segundo estudo da instituição, 36% dos brasileiros com 50 anos ou mais estão no mercado de trabalho. Destes, 64% são responsáveis por toda ou pela maior parte da renda da casa.
“Nós não estamos preparados para essa revolução tecnológica que começou por volta dos anos 2000. Até porque ela não foi acompanhada de uma reforma na educação. O Brasil peca há 500 anos”, reforça Deise Gomes, gerente executiva e especialista em gestão de carreiras da Thomas Case & Associados.
Capacitação
A situação se complica porque, muitas vezes, até os com nível superior estão desatualizados. “Mas, com a péssima qualidade da educação, também não quer dizer que quem tem nível superior saiba fazer uma redação. Se ouve dizer que temos um projeto de Estado. Até hoje não vi projeto algum”, lamenta Deise Gomes. O Ministério da Educação, por meio de nota, diz que tem “centenas de políticas públicas pensadas para o futuro”.
Ivan Siqueira, vice-presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE), no entanto, foi enfático ao tratar sobre uma possível integração entre os ministérios com políticas sociais e a equipe econômica, na hora de priorizar, por exemplo, onde haverá cortes em caso de contingenciamento dos recursos públicos para o ajuste das contas públicas. “Posso garantir que nunca houve esse tipo de dimensionamento ou de debate. Seria ideal. Exatamente a política de Estado que se quer, mas que ainda nos parece inatingível”, diz .
Saúde
O Ministério do Trabalho informa que, no tocante à modernização trabalhista (Lei nº 13.467/2017), é importante ressaltar que não haverá aumento da jornada de 44 horas semanais ou da jornada diária de 8 horas de trabalho, parâmetros previstos na Constituição Federal que devem ser observados. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem a quinta maior população idosa do mundo, com cerca de 29,3 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Desse total, 69,9% são independentes para o autocuidado e 30,1% têm alguma dificuldade para realizar atividades da vida diária.